Em minha experiência como mentora, coach e facilitadora de workshops em diversas empresas, é notável que muitos compartilham a percepção de que a comunicação organizacional enfrenta desafios. A influência dos distintos estilos de poder nas empresas é evidente na dinâmica das relações. A falta de consciência nesse aspecto resulta frequentemente em surpresas emocionais, impactando profundamente as interações profissionais. Tudo começa pelo autoconhecimento. Ao entendermos nossos estilos de liderança, identificamos o impacto na comunicação e podemos colaborar de forma mais eficaz. Aproveitando os pontos fortes de cada líder e explorando nossas abordagens individuais, conseguimos fortalecer a equipe e construir uma comunicação mais fluida.
Quando me deparei com o livro “Anatomia Emocional” de Stanley Keçeman, publicado pela Summus Editorial, e assisti à palestra TED de Amy Cuddy, tive um insight sobre a profundidade das emoções além de nossas palavras e gestos visíveis. Emoções têm raízes em nosso sistema de crenças e se manifestam de forma evidente em nossos gestos e posturas. Amy Cuddy nos ensina que nossas emoções podem ser moldadas e trabalhadas quando adquirimos consciência e compreensão de nossos processos inconscientes.
A eficácia da comunicação vai além do discurso verbal. Mesmo em silêncio, nosso corpo comunica mensagens poderosas por meio da linguagem corporal. Na inspiradora palestra do TED, intitulada “A sua linguagem corporal pode moldar quem você é”, Amy Cuddy destaca como a linguagem corporal influencia diretamente nossa autoestima e a percepção que os outros têm de nós. Isso nos lembra da importância de uma comunicação autêntica, que não apenas envolve palavras, mas também gestos, posturas e a maneira como nos apresentamos ao mundo. Ao explorar essa abordagem, remontamos à obra “O Corpo Fala” de Pierre Weil, que pertence à psicologia transpessoal, e a técnica contemporânea, como a micro fisioterapia. Essas perspectivas enfatizam como nosso corpo revela nossos estados internos por meio de micro expressões.
Amy Cuddy introduziu o conceito de “posturas de poder”, que são gestos expansivos que comunicam confiança e domínio. Por outro lado, as posturas de “pouco poder” são fechadas, refletindo hesitação ou insegurança. Notavelmente, essas posturas não apenas refletem nosso estado emocional interno, mas também têm a capacidade de moldá-lo. Estudos revelam que adotar posturas de poder pode desencadear mudanças hormonais que promovem a confiança e reduzem o estresse.
No entanto, as emoções que vivenciamos são complexas e profundas, ultrapassando meras reações momentâneas. Elas têm sua própria “anatomia”, deixando vestígios em nossos movimentos e postura. Por exemplo, quando dominados pelo medo, tendemos a adotar posturas defensivas, enquanto a confiança se manifesta por meio de expansão e abertura. Portanto, compreender como nossos corpos comunicam nossos estados internos é essencial para aprimorar nossa comunicação e autoconhecimento.
Uma das mensagens mais impactantes da palestra de Cuddy é a ideia de “fingir até se tornar”. Ela sugere que, ao adotar posturas de poder, mesmo na ausência de confiança inicial, podemos começar a influenciar nossa mente e, mais surpreendentemente, moldar a anatomia de nossas emoções, eventualmente resultando em uma autoconfiança genuína.
Posso afirmar, com base em minha própria experiência, que essa teoria é incrivelmente válida e verdadeira. Quando estava no início de minha carreira, recebi um convite para minha primeira palestra. Decidi me posicionar como se já fosse uma palestrante experiente diante de uma plateia de 100 pessoas. Acreditava sinceramente que poderia conduzir a palestra de forma eficaz, pois tinha conhecimento sobre o assunto e entendia que representava um propósito significativo. Desde então, tornei-me palestrante e consultora, e amo o que faço. Os gestos iniciais foram confirmados a cada dia, à medida que abraçava novos desafios e me desenvolvia constantemente.
Amy Cuddy, com sua perspicaz pesquisa sobre linguagem corporal, trouxe à tona o poder de nossas posturas. Quando mergulhamos mais fundo no domínio da anatomia emocional, percebemos a extensa rede que conecta mente, corpo e emoções. A compreensão dessa dinâmica nos oferece a chave para influenciar nossa trajetória emocional, dando-nos o poder não apenas de moldar a maneira como somos vistos, mas também de moldar a maneira como nos vemos.
Para líderes, isso implica em criar ambientes psicologicamente seguros que encorajem a autoreflexão e a busca por comunicações conscientes, transparentes e autênticas. As emoções não são estáticas; elas se manifestam através de gestos e posturas. Compreender essa dinâmica nos oferece a chave para influenciar nossa trajetória emocional, permitindo-nos moldar não apenas a percepção que os outros têm de nós, mas também como nos vemos. É uma jornada de autodescoberta e liderança consciente, onde a comunicação eficaz se torna a base para o sucesso.